domingo, 24 de maio de 2009

Zé Rodrix In Memorian


Casa no campo

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar do tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais

Eu quero carneiros e cabras pastando
Solenes no meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas

Eu quero a esperança de óculos
E um filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão,
A pimenta e o sal

Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau a pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Não acredite nas doces ilusões


Pode ser uma tentativa de proteção, de preservar o coração, não sei bem, só sei que pretendo me manter assim...O perigo é menor e menos doloroso...

Sonhos sem Ilusões
Saber não ter ilusões é absolutamente necessário para se poder ter sonhos. Atingirás assim o ponto supremo da abstenção sonhadora, onde os sentimentos se mesclam, os sentimentos se extravasam, as ideias se interpenetram. Assim como as cores e os sons sabem uns a outros, os ódios sabem a amores, e as coisas concretas a abstractas, e as abstractas a concretas. Quebram-se os laços que, ao mesmo tempo que ligavam tudo, separavam tudo, isolando cada elemento. Tudo se funde e confunde.

Fernando Pessoa, in 'O Livro do Desassossego'


O Cortejo Ingénuo dos Nossos Sonhos
Não desenhamos uma imagem ilusória de nós próprios, mas inúmeras imagens, das quais muitas são apenas esboços, e que o espírito repele com embaraço, mesmo quando porventura haja colaborado, ele próprio, na sua formação. Qualquer livro, qualquer conversa podem fazê-las surgir; renovadas por cada paixão nova, mudam com os nossos mais recentes prazeres e os nossos últimos desgostos. São, contudo, bastante fortes para deixarem, em nós, lembranças secretas que crescem até formarem um dos elementos mais importantes da nossa vida: a consciência que temos de nós mesmos tão velada, tão oposta a toda a razão, que o próprio esforço do espírito para a captar a faz anular-se.
Nada de definido, nem que nos permita definir-nos; uma espécie de potência latente... como se houvesse apenas faltado a ocasião para cumprirmos no mundo real os gestos dos nossos sonhos, conservamos a impressão confusa, não de os ter realizado, mas de termos sido capazes de os realizar. Sentimos esta potência em nós como o atleta conhece a sua força sem pensar nela. Actores miseráveis que já não querem deixar os seus papéis gloriosos, somos, para nós mesmos, seres nos quais dorme, amalgamado, o cortejo ingénuo das possibilidades das nossas acções e dos nossos sonhos.

André Malraux, in 'A Tentação do Ocidente'


Por que confiar em breves momentos de dedicação?
Por que acreditar em doces olhos de esperança?
Por que aceitar beijos que um dia não serão mais seus, ou tão seus?
Por que dilacerar no que eu sinto?

Devo ser louca demais, para aceitar, acreditar sem questionar...Que ceticismo foi esse que cegou meus olhos e amargou meus beijos?

:(♥♥♥

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Changes


Metamorfoses?
Destino?
Enredo?
mudanças de planejamento?
Um novo olhar?
Novos ângulos?
Novas receitas?
Outra cama?
Outra escova de dentes pra acompanhar?
Outro lençol para dividir?
Outros diálogos?
Outros tantos...

Mudança

Mudei o sopro do vento,
Sopra agora para sul,
Mudei a cor do céu,
Está pintada em tons de azul.

Mudei o cheiro das flores,
Têm agora novo perfume.
Mudei o coração dos homens
Que emanavam azedume.

Mudei o meu olhar sobre o mundo,
Ganhei força e nova vida.
Mudei a minha forma de ver,
Esqueci e fui esquecida.

Mudei o meu coração
E decidi de novo amar
Mudei o que de pior tinha
E estou feliz só por mudar.



(Poema de Vera Silva in Palavras Soltas)

domingo, 10 de maio de 2009

Blue

Duas mãos que dançam

Dois pés que voam

Uma boca que deseja

Vermelho desejo, púrpura boca


Blue, so sad, sadness

Uma paleta, um pincel

Uma boca que impressiona

Ela dança, ela voa

Cai na cama e abre as pernas


Red, so mad, madness

Uma sombra, a chuva

Uma boca que devora

Ele ama, ela voa

Cai na cama e devora


Colors, so hot, sex

Uma luz, neon

Uma boca que canta

Ela sulga, ela abusa

Cai na noite e abre a boca


A nudez traduzida em versos fotográficos

Autumn Sonnichsen, fotógrafa erótica/pornográfica